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02/01/2018

A esperança que resulta de um novo ano nascente




Cara(o) visitante virtual,

Antes de mais, votos de um bom ano novo. Se é a sua primeira visita a este blogue, seja bem-vindo. Se já é visitante regular ou pontual, é bom tê-lo de volta neste novo ano.
Depois de sete anos a escrever num blogue sobre esperança, e exclusivamente sobre esperança, só não desisti deste projeto porque muitos de vós me vão de tempos a tempos suscitando e até interpelando para partilhar reflexões neste sentido. Não fosse o vosso feedback que muito valorizo e consideraria inútil este diálogo de que só vejo expressão no post que resulta em cada momento e que, depois de feito, deixa sempre a dúvida se não diz um conjunto de evidências, ou até mesmo de banalidades.
Assim é com muita coisa simples da nossa vida. Com muita coisa que construímos no recato dos nossos momentos a sós connosco próprios. Assim é, creio eu, com muita coisa cujos resultados pouco nos chegam ou não chegam de todo, mas nas quais persistimos porque acreditamos que vale a pena dar  tudo de nós nesses pequenos momentos. E, para mim, desde que alguém, um visitante só que seja, que ao entrar neste blogue, se sinta mais reconfortado ou sintonizado com a vida, o seu sentido e a esperança, já valeu a pena continuar por aqui.

O final de um ano traz-nos o habitual ritual dos balanços de vida. Como se corressemos o ano apressados e junto à última badalada da meia-noite quisessemos entender tudo, mudar tudo o que precisa de ser mudado e, se calhar, mesmo o que não precisa. No início de janeiro de cada ano voltam a encher os ginásios, iniciam-se projetos e tomam-se decisões e caem nos próximos meses senão nas próximas semanas, ou mesmo nos próximos dias.



É um facto que o termo de um ano nos confronta com a nossa finitude e, ainda que inconscientemente, nos faz pensar se temos andado a dedidar a nós próprios e aos que amamos, o tempo e a atenção necessárias para ter qualidade de vida e qualidade relacional com os outros. Mas, no meu entender, não são julgamentos apressados sobre nós próprios, sobre a nossa vida, nem sobre os outros que nos ajudam a tomar decisões amadurecidas, transformadoras e também serenadoras e que nos coloquem em harmonia com o nosso ser interior e o universo social e ambiental que nos rodeia.

No entanto, se não devemos tomar decisões na base do contra-relógio, é regra de qualquer manual de ciências comportamentais e de psicologia, e o senso comum mostra bem os erros em que incorrem decisões precipitadas.
Mas, também é um facto que o nascimento de um novo ano é uma boa oportunidade, como qualquer outra, que não deve ser desperdiçada sob pena de nos afastarmos da essência do que somos e nos faz sentir bem connosco, com os outros e com o universos, para darmos atenção a nós próprios, ouvir o nosso ser interior e procurar tentar perceber se estamos em sintonia com ele e em harmonia com a família, os amigos, o trabalho, a sociedade e a natureza ou se há desvios que nos deixam desconfortáveis e que devemos analisar para nos sentirmos bem, equilibrados, realizados e sobretudo amados, também por nós próprios e, para quem acredita, como eu, por um Poder Superior a que chamo Deus.

O meu balanço de vida relativo a 2017 , desta vez, pela primeira vez, não foi feito no fim do ano como fiz habitualmente ao longo de já cinco décadas de vida. O meu balanço aprendi a fazê-lo numa base diária no final de cada dia e os reajustes que fui precisando de fazer, precisamos sempre (acho eu), fui-os fazendo ao longo do ano. talvez por isso tenha chegado ao final do ano não apenas com mais energia, mas também com o sentido de dever cumprido, porque sei que em cada momento, conscientemente, dei o melhor de mim; sei que em cada momento estive com quem quis estar e com quem precisava e valorizava que eu estivesse a seu lado com a minha amizade; sei que em cada momento procurei escutar-me a mim própria, escutar o meu Poder Superior e escutar aquelas pessoas que são importantes para mim e as que precisam de mim. 
E, assim, entrei em 2018 com uma harmonia e serenidade, posso mesmo dizer uma sensação de bem-estar que só me lembro de conhecer na minha juventude quando ainda tinha diante de mim todos os sonhos que achava possíveis e o horizonte do ideal em que basta o amor para seremos felizes. Hoje sei que não basta, hoje com os meus mais belos sonhos desfeitos sei que muito mais que o amor que se sente importa a capacidade de amar e de comunicar esse amor. A capacidade de estar atento ao outro e verdadeiramente disponível para o ouvir com atenção e para o fazer feliz nas pequenas coisas que sabemos que o(a) fazem feliz. 
Mas, esta consciência de um projeto de vida de quase um quarto de século desfeito não me tornou amargurada nem desiludida, apenas consciente da enorme bênção que é duas pessoas amarem-se e saberem comunicar entre si numa linguagem que ambas entendem esse amor. E, se já valorizava isso, valorizo ainda mais agora e faz-me  genuinamente muito feliz ver quem, em cada dia, consegue fazer do amor a alguém ou a várias pessoas numa família, causa religiosa, social ou humanitária uma linguagem percetível àqueles a quem se destina. Uma linguagem que se capta e nos aquece por um segundo, minuto, hora, semana, dia, mês, ano ou eternidade, porque quem na vida transmitiu um amor com esse calor deixou-o para sempre impregnado na alma de quem o recebeu.
Um feliz 2018 para si caro (a) visitante virtual, faça por isso, não no último minuto deste ano, mas desde já. tenha uma conversa corajosa consigo próprio e com seja quem mais for que precisa de ter e mude o que precisar de mudar... em si, não nos outros, porque essa parte não lhe compete e só se frustará a tentar porque está fora do seu alcance. Mas, se mudar em si, quem sabe talvez consiga motivar mudanças em seu redor que beneficiem seja quem for com quem se relaciona e a que nível. Surpreenda-se com o efeito transformador e libertador do encontro corajoso consigo e com os outros.
E, quando for a última badalada de 2018, poderá olhar para trás e dizer que está orgulhoso com o que tentou fazer e conseguiu e com o que tentou e não conseguiu, porque não dependia só de si. Uma coisa é certa, estará orgulhoso porque não ficou na inércia, no comodismo, na preguiça e no enfado de que se lamentaria no final do ano com mil e uma coisas que diria "não há maneira de mudarem e estão sempre iguais". Pois, é que nada muda sozinho e nada de relevante muda se nada fizermos para isso. E, se chegar à conclusão que não quer mudar nada porque se sente bem assim? Então parabéns, e regozije-se com essa constatação e esteja grato por ela. Se não tivesse interrogado o seu interior usufruiria pachorrenta e apaticamente de algo porque deve estar grato.

Caro visitante virtual acorde desde já para o novo ano. 2018 está à sua espera, apanhe o comboio, escolha a sua carruagem preferida, escolha mesmo o seu ritmo adequado e as suas companhias preferidas e... boas descobertas, boas realizações e muita harmonia e serenidade. Desejo que se encontre com a pessoa mais especial nesta viagem... você-próprio(a).

Um bom ano
C.C.

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