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24/11/2017

A esperança que resulta do equilíbri entre o cérebro físico e o cérebro emocional



Caro(a) visitante virtual,

Escrevo-vos hoje sobre mais um livro inspirador de esperança e de bem-estar interior e equilíbrio com os outros e com o mundo. Trata-se do livro "Curar", de David Servan-Schrieber. Embora o sub-título do livro seja sobre a cura do stess,  da ansiedade e da depressão sem medicamentos nem psicanálise, o livro é bem mais do que isso. 
Trata-se de uma interessantíssima reflexão sobre o homem contemporâneo, sobretudo nas sociedades ocidentais, na minha modesta perspetiva e na de muitos autores e estudiosos que tenho lido e ouvido, sobrehumanamente sobrecarregada de expetativas, objetivos e metas, sejam elas familiares, profissionais, culturais, económicas, políticas ou outras.
Eu, no meu já completo meio século de existência identifico-me perfeitamente com uma geração ocidental de transição de século educada para se realizar nos vários planos por etapas a alcançar. Hoje, com os auto-balanços pessoais e profissionais que tenho feito, com as leituras e recolhas de ideias, pensamentos e reflexões, mas também com a cultura que venho desenvolvendo nos últimos anos de yoga, meditação e aprendizagem com a sabedoria oriental ancestral e que junto sem qualquer conflito de coerência à minha formação e opção de vida espiritual de base ocidental e católica, vejo as coisas por um prisma bem diferente. Para mim mais coerente, tranquila e até pessoalmente mais proveitosa e valorizadora no que entendo ser a essência do ser humano e social, por isso a partilho.

Hoje a forma como vejo o ser humano na sua essência e o que procuro transmitir aos meus filhos nesta minha visão amadurecida da vida é que não há múltiplas metas que nos confundam o espírito, o horizonte e dispersem energias. Por opção pessoal, libertei-me de todas as expetativas, metas e objetivos. Não foi fácil. Senti-me perdida quando numa fase da minha vida ruiram as metas e objetivos em que tanto acreditei e em que tanto me empenhei, o principal, o casamento de quase 25 anos, mas também um contexto profissional recente em que por mais que trabalhasse, me empenhasse e respeitasse todos, não era era o retorno da realização profissional que encontrava. Simplesmente porque quer num caso quer noutro nada dependia apenas de mim e, mesmo que dependesse, apesar de eu crer tudo fazer de melhor e pelo melhor, certamente não era esse o entendimento da outra parte, quando mais não seja porque os nossos patrimónios e características emocionais são muito diferentes e podem até ser dissonantes se um verdadeiro diálogo interior entre as partes não ocorre ou ocorrendo se perde fazendo por arrastamento perder o sentido das relações sejam elas pessoais, familiares, sociais ou profissionais. 
Não pretendo com esta afirmação, de modo nenhum dizer que se deve desistir de investir nas relações humanas sejam elas quais forem, bem pelo contrário. E eu estou consciente que tudo fiz e que fiz o melhor que sabia em cada momento para que as relações não ruíssem, mesmo nos casos referidos em que ruiram. Faltou a ambas as partes a capacidade de diálogo e entendimento interior que permitisse que as pontes entre ambas não desabassem e, quando se perde o contacto entre a coerência do cérebro emocional e o físico de que cada ser humano é composto. as relações perdem a sua essência e decompoem-se naturalmente, mesmo as relações connosco próprios se perdermos a relação entre o nosso cérebro emocional e físico, como bem explica o livro que referi no início deste post.
Hoje não preciso de expetativas, metas nem objetivos, basta-me a cada dia ser o melhor que consigo ser para mim e para os que rodeiam na família, no trabnalho e onde quer que me encontre. Porque hoje sei que sejam quais forem, as expetativas, metas e objetivos que eventualmente possa pensar que me fazem feliz verdadeiramente não sei se terão esse efeito, verdadeiramente tenho finalmente a humildade tranquilizadora de saber que nada sei do que me faz feliz, apenas sei o que me faz sentir bem comigo própria e com os outros, apenas sei como posso fazer os outros sentir-se bem comigo. Apenas sei que heverá sempre gente com quem não me sentirei confortável e gente que não se sentirá confortável comigo, por isso ainda bem que a humanidade é tão vasta pois podemos ter a liberdade de escolher e ser escolhidos para partilhar as nossas vidas em cada momento nos vários planos das relações humanas por quem verdadeiramente valoriza a nossa presença e é feliz com ela por quem valorizamos e nos faz sentir feliz pela sua presença, seja numa simples partilha de um percurso para o trabalho e algumas trocas de palavras simpáticas, seja numa relação cordial com vizinhos, seja numa relação familiar íntima, numa relação de profunda amizade ou numa relação laboral onde tantas horas do nosso quotidiano se passam.
Poderia dizer-se que cheguei a esta etapa porque atingi os objetivos e metas a que me propus na vida: a minha formação académica e profissional, ter uma profissão que me permite viver com dignidade, ter uma família e ter um círculo de amigos. No entanto nada disso deixou de permitir que se instalasse em mim uma profunda e dolorosa solidão, vazio, frustração e falta de sentido de vida, momentos que tive que ultrapassar e em que nenhum dos objetivos nem metas alcançadas ajudou, mas apenas a certeza do amor da minha família nuclear, meu pai, minha irmã e meus filhos, a certeza de algumas amizades muito sólidas e calorosas, a certeza de uma espiritualidade contra quem pela primeira vez na vida  me revoltei e me senti injustiçada, tudo pilares fundamentais que se mantém e que são a âncora que me permite, ultrapassada a vasta tempestade que sacudiu a minha vida nos últimos 5 anos, dizer hoje com serenidade que nada espero a não ser em cada dia ser eu própria, o melhor que consigo ser, para mim e para todos com quem me cruzo, sempre procurando com a oração, o yoga, a meditação, a contemplação do que de belo tem a vida e tanta variedade na natureza e na cultura, chegar mais dentro de mim própria e dos outros, chegar mais perto de cada interior que é a riqueza de cada um.
Boa viagem interior caro (a) visitante virtual, o percurso que decidir fazer, por curto que seja vai valer a pena, sobretudo se persistir, um bocadinho de cada vez, e recorrendo a leituras inspiradoras e fortalecedoras da esperança, como esta que hoje recomendo.

C.C. 

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