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04/09/2016

Santa Teresa de Calcutá



Caros visitantes virtuais,

Escrevo-vos hoje com muita alegria e esperança na canonização de Madre Teresa de Calcutá pelo Papa Francisco hoje anunciada. Foi com muita comoção e alegria que recebi esta notícia porque desde sempre me senti muito tocada por esta mulher extraordinária, de porte nobre, de uma nobreza interior e uma força que brota de dentro dela contrastando com o seu aspecto frágil.
Anjezë Gonxhe Bojaxhiu M.C., que cedo a sua vocação religiosa chamou a ser Madre Teresa de Calcutá era uma mulher albanesa de vida financeiramente muito confortável quando ainda muito jovem decidiu abandonar o conforto e uma vida estável para criar as Irmãs da Sabedoria numa entrega quotidiana aos mais pobres, aos doentes de lepra e aos mais marginalizados sociais e mais doentes.
Desde que me recordo de Madre Teresa que na televisão a via com toda a ligeireza e à vontade circular entre dejetos por onde vegetavam doentes abandonados à doença, à extrema pobreza e aos sofrimentos que todos esses bales profundos acarretam. E era lá, onde eles estavam que Madre Teresa, no seu sarai branco, achava que era o seu lugar no mundo e não no berço de conforto e segurança onde tinha nascido. Em risco permanente de contágio de doenças era aí que o seu chamamento interior a levava e foi junto dos mais infortunados de todos que encontrou a sua felicidade. E foi essa simplicidade, essa humildade e essa entrega que vi sempre acompanhadas de um sorriso de felicidade que tanto me tocaram. Para mim a vocação, seja para sacerdócio, seja para o casamento e a família, seja para se ser missionário só fazem sentido de forem também um sentido de vida, e sempre um sentido de vida feliz e Madre Teresa foi sem dúvida uma vocação feliz, para tantos milhares que confortou na doença, na pobreza e no sofrimento, mas também uma vocação feliz para ela própria que não tenho dúvida que partiu com o coração e a alma cheia de uma vida plena de sentido.
Creio que a grande lição de vida que nos deixa é que seremos felizes quando descobrirmos onde está a nossa própria vocação, o que faz sentido em cada dia para a vida de cada um de nós. E, não tenho dúvida que em grande parte das vezes nós somos não apenas os construtores da infelicidade dos outros, mas também da nossa própria infelicidade e que isso sucede quando nos desviamos da nossa rota de sentido, do que verdadeiramente nos faz felizes que muitas vezes não é o que nos faz felizes na aparência ou o que nos parece fazer felizes, mas sim o que nós se olharmos bem para dentro de nós, sem medo e com honestidade, vemos que nos fazer sentir em serenidade, em paz connosco próprios e com a nossa alma a sorrir por dentro.
Eu, no meu caso concreto sei bem qual é a minha maior fonte de felicidade: é ser mãe. Foi o meu apelo interior desde que me reconheço tendo algum tipo de apelo interior, as maiores alegrias da minha vida foram o nascimento dos meus filhos e cada etapa da vida dos meus filhos que tive a enorme felicidade de acompanhar e que agora, já noutra fase da vida, com eles crescidos, acompanho de forma diferente mas com o mesmo amor de sempre. E quem me conhece e me viu sorrir terá seguramente visto os meus mais rasgados sorrisos sempre relacionados com os meus filhos.
E Madre Teresa é uma mulher admirável porque o seu sorriso que vem de dentro mostra a coragem e determinação de uma mulher que nos tempos que correm nos transmite a todos a felicidade e a esperança da entrega aos outros com essa alegria que nos toca tão fundo e nos contagia com a sua felicidade interior tão cheia de sentido.
A enormíssima lição de caridade e entrega total em Amor ao próximo que Madre Teresa nos legou em cada um dos seus gestos de bondade singela, a troco de nada, sem medo de nada, nada procurando mas fazendo de si uma dádiva total são para mim o traço indelével que deixa na humanidade. Uma humanidade que tornou mais doce, mais misericordiosa, mais acarinhada, mais confortada e sem dúvida muito mais bela.
Ter-lhe sido atribuído o Prémio Nobel da Paz foi um ato justo e um merecidíssimo reconhecimento internacional que maior paz podemos fazer senão levar o conforto aos que mais sofrem? Quantos indigentes e miseráveis ajudou a partir em paz? E quanta paz interior não traz continuamente a cada um de nós que se sente tocado pela sua mensagem e pelo seu amor universal? A mim pessoalmente trouxe-me sempre muita alegria e muita paz, ela esteve lá onde eu gostaria de estar mas nunca tive a coragem de estar e eu estou-lhe grata por isso. Estou-lhe grata por cada leproso que confortou por cada pobre que ajudou por cada doente que consolou. Estou-lhe grata porque no meio de tanto infortúnio universal quando surgia o seu rosto era sempre com ar sereno de quem está em paz consigo própria e essa paz é contagiante. Estou-lhe grata pela sua imagem de mulher simples que nos transmite a esperança da beleza da simplicidade que pode estar ao alcance de todos, da alegria de estender uma mão ao outro, da alegria de se ser exatamente o que se é, sem necessidade de impressionar ninguém e sem receios de perfeccionismo porque no Amor o caminho é simples, é amar o outro tal como ele é e ir ao encontro do outro. Santa Teresa foi para mim a segunda Mestre do Amor a seguir à minha mãe Maria Eugénia. A minha mãe nunca foi nem será canonizada mas foi com ela que muito cedo aprendi os primeiros passos do Amor, do respeito do outro e da valorização do outro tal como ele é, e também a humildade e a honestidade e também de colocar os outros em primeiro lugar. Estarão certamente juntas numa dimensão maior que almejo um dia alcançar para me juntar a elas.
Estou muito grata ao Papa Francisco que acho também admirável por mais este gesto tão importante mostrando-nos que ser igreja é alegria, é ter sentido de vida e de entrega ao nosso próprio destino de felicidade que de algum modo constrói a felicidade dos que nos rodeiam e a nossa própria felicidade. É assim que acredito que vale a pena viver, nos dias de sol, mas também nos de chuva e nuvens cinzentas porque por dentro de nós está a luz e o calor que nos impelem a caminhar e a construir o percurso da nossa vida.
Caro visitante virtual, desejo-lhe que como Madre Teresa de Calcutá descubra o seu caminho, a sua rota de felicidade em cada dia. Se não sabe por onde ir recolha-se ao seu interior e ouça o que o seu coração e o seu chamamento interior lhe dizem e poderá descobrir alegrias que nunca encontrou.
Boa caminhada, caros visitantes virtuais e até ao próximo post.
Um abraço virtual
C.C.



Falecimento: 5 de setembro de 1997, Calcutá, Índia

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