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28/08/2016

A esperança que resulta da renovação de todas as marés da vida


Caros visitantes virtuais,

Há longo tempo sem escrever neste blogue. Força das marés da vida. Tal como as marés, recolhi e agora regressei de novo a este vosso, nosso blogue.
Como em tudo nos marés, também as nossas vidas têm marés. As marés são uma força da natureza que se impõe, queiramos ou não, sejam para nós agradáveis ou não. O tempo, fonte de sabedoria reconhecida por todas as civilizações, religiões e culturas ensinou-me a respeitá-las.
Há marés que nos trazem brilho, energia, juventude, vivacidade e muita alegria. Outras, pelo contrário, trazem-nos melancolia ou mesmo tristeza. Algumas transportam para junto de nós nascimentos, gente nova que conhecemos, novas paragens, novos destinos, outras levam-nos gente querida, arrebatam-nos sonhos, desmancham-nos projetos. Todas, se as aceitarmos como inevitáveis e partes integrantes que são das nossas vidas trazem-nos amadurecimento, aprendizagem, sabedoria para distinguir o que é e o que não é importante na vida, quem está e quem não está sempre ao nosso lado quer choremos ou demos uma boa gargalhada quer estejamos bons conversadores ou estejamos melancólicos ou pensativos.
Por essas razões eu respeito e aceito as marés da vida.
Por essas razões eu estou grata pelas marés da vida, e não apenas pelas belíssimas e coloridas mas também pelas que não consigo ver com cor nem com alegria ou mesmo que vejo com reconhecida tristeza porque acima de tudo todas me provam que estive viva até hoje e estou viva hoje e a vida que tenho com todas as pessoas que me são queridas, as que ainda comigo prevalecem e as que já partiram é uma bênção para mim. Essas pessoas são o meu património existencial único e insubstituível, todas elas, todas, mesmo aquelas que me fizeram tombar lágrimas fizeram de mim o que sou hoje e o que eu sou hoje ninguém mais é senão eu. E o que o meu visitante virtual é hoje ninguém mais é: único, precioso e insubstituível. Mais do que as marés que se nos impõem somos importantes nesta harmonia da natureza, nesta vida que hoje vivemos e que se prolonga desde ontem e ontem e ontem com toda a riqueza do património emocional, psicológico e físico que cada um de nós é.
Somos esculturas vivas da vida. E eu, crente que sou num poder superior a quem chamo Deus, acredito-me escultura viva de um projeto maior de Vida humana para o qual tenho dado o meu modesto mas certamente insubstituível contributo como creio sucede para qualquer ser humano.
Há vários anos as minhas marés têm sido baixas, mesmo vazantes, parecendo nunca mudar e muitas vezes me desalentando com a falta de mudança que eu tanto sentia necessitar. Não mudaram ainda as minhas marés mas mudou a minha maré interior que me ensinou a ver que eu estava precisada sem o saber dessas marés que tanto me custaram aceitar, precisei delas para aprender sobre mim, sobre a vida e sobre todos e tudo o que me rodeia lições que me recusava obstinadamente a aprender de outro modo, a principal delas a da humildade.
Sou agora com essas marés uma pessoa mais rica, mais humilde perante os meus próprios sonhos e projetos de vida. Valeram a pena as marés? Sem dúvida que sim, de que outro modo eu teria os olhos que hoje tenho sobre a vida, sobre mim própria e sobre os meus sonhos e projetos?
Anunciam-se para todos nós em cada dia renovação de marés, que eu saiba sempre respeitá-las e  aprender com  elas e, sobretudo, como hoje, sejam quais forem as marés por estar grata por poder senti-las mais este dia em que o sol para todos nasce igual e se põe com igual beleza repousando sobre o horizonte seja do mar, de uma vasta planície, de um doirado deserto ou de uma majestosa montanha.
Até breve caro visitante virtual e acolha serenamente as suas marés.
C.C.

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