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23/02/2014

Reapaixonar-se é fonte de esperança



Caro(a) visitante virtual,

Hoje convido cada homem e cada mulher a reapaixonar-se. Não só é maravilhoso, mágico, revigorante, serenizador como uma excelente fonte de esperança.
Os tempos que vivemos são difíceis, não apenas em Portugal, mas no mundo, vemo-nos rodeados de más notícias que por mais que não queiramos contribuem para nos debilitar a esperança. Parece estar tudo errado e não se vislumbrar como endireitar este início de século XXI onde se vivem dificuldades económicas, conflitos laborais, conflitos sociais e mesmo conflitos bélicos que ameaçam uma vida com dignidade. Importa não nos centrarmos aí. Se revisitarmos a história da humanidade vemos que houve tempos bem piores que foram superados, basta recuar aos tempos da barbárie, aos tempos da peste negra, ao tempo das grandes guerras mundiais, e tudo isso se superou.
Vivemos no tempo que vivemos e não noutro. Não é escolha nossa, portanto neste nosso tempo mais do que lamuriarmo-nos importa ativa e plenamente exercer a nossa cidadania ativa e democrática e, sobretudo, viver a nossa vida pessoal sem nos deixarmos afetar pelo que nos envolve. Sim, porque a nossa vida é bem mais do que isso. Todos temos uma dimensão pessoal bem mais rica, onde cabem a nossa família e os nossos amigos, as relações pessoais que temos com quem vamos conhecendo nos vários meios sociais onde nos movemos e mesmo o cidadão anónimo com quem nos cruzamos nos transportes públicos ou nas compras e com quem vamos trocando algumas palavras. A relação humana é a nossa maior riqueza.
O que é certo, é que por vezes é difícil não nos deixarmos arrastar por essa torrente de más notícias que, a juntar ao stress e à correria do dia-a-dia e com o nosso próprio envelhecimento, sobretudo quando nos encontramos a cruzar a difícil linha da meia-idade, é fácil deixarmo-nos arrastar pelo desânimo, pela queda de auto-estima, pela negatividade, ou mesmo pela indiferença que nos impedem de ver que o sol continua a brilhar e que coisas belas e bonitas continuam a acontecer e de que somos parte, como é o Amor.
O Amor, cara e caro visitante virtual é para mim a verdadeira e maior razão de existir do ser humano, porque é o que mais conduz à nossa realização e felicidade. O amor sob todas as suas formas: filial, maternal, paternal, fraternal e naturalmente também conjugal.
Hoje este post, permitam-me é mais pessoal mas creio que do interesse de todas e todos aqueles que se reveem nele, porque sou apenas uma mulher, um grão de areia na grande praia planetária.
A aproximação aos cinquenta anos fez-me tremer por dentro e por fora sem que eu disso tivesse consciência, foi como um tsunami que não se vê chegar e quando o vemos é já tão violento que nos envolve violentamente e com que temos que lutar para não sucumbirmos em destroços interiores e exteriores. Eu vivi o meu tsunami ao mesmo tempo que a minha vida conjugal, familiar, profissional e social tinham que ser vividas, porque nós somos parte do todo que integramos e estejamos bem ou mal, a vida continua.
Não é fácil deixar de se ver como um destroço de si mesmo, não é fácil saber como juntar as peças do seu próprio puzzle e ao mesmo tempo ir olhando para os que estão à nossa volta e manter uma existência normal como quando nos sentimos inteiros e nós próprios. Todos sentem à nossa volta o nosso tsunami e os que mais nos estimam tentam fazer-nos sair do mesmo, mas na realidade por mais amor ou amizade de que possamos estar rodeados esta é uma saída que temos que ser nós próprios a querer encontrar, porque num tsunami interior há muitas saídas possíveis, uma delas a desistência, deixar-se ficar pois não se vê como sair da turbulência que nos assola. A outra é lutar com todas forças, procurar a sua própria bússola interior e deixar-se guiar por ela. A minha é a Fé. Foi uma dádiva de educação que os meus pais me deram e aquela porque lhes estou mais grata, foi a principal luz do meu tsunami a dar-me a força necessária para não desistir e depois, ao conseguir emergir à superfície, quem me ajudou foram aquelas que me são mais queridas (Sister, Sons e MM)  que sempre estiveram presentes. Quanto ao grande amor da minha vida, na força do tsunami eu não via a sua ajuda porque desejava, sem lhe dizer, que devia vir-me buscar ao fundo da turbulência das águas.
A realidade caros visitantes virtuais é que por vezes esperamos a ajuda que desejaríamos receber e não valorizamos a ajuda que nos é dada, somos diferentes homens e mulheres. E, obviamente anatomicamente diferentes, o que nos atrai mutuamente, mas também psicologicamente diferentes, como bem explica o livro que li recentemente e que muito me ensinou sobre essas diferenças: "Os homens são de Marte e as mulheres são de Vénus" de John Gray. Achei enriquecedor ler este livro, reconheci-me na maioria das características das venusianas e reconheci o meu marido em quase todas as características dos marcianos.
Neste meu processo de tsunami uma das muitas descobertas que fiz, para além da confirmação da importância das relações fortes da nossa vida que por preservar a minha intimidade não revelo, mas elas sabem quem são, reconfirmei o que sempre pensei sobre mim própria e creio que para todos, o Amor é a chave da nossa felicidade, mas o Amor é como o mar, quando está em mar-alto quieto, profundo, parece imóvel e quase não damos conta que existe, ele precisa de se manifestar, de levantar ondas, por vezes estrondosas e vir espraiar-se na areia inundando-nos de salpicos e de espuma para que tomemos consciência que ele está lá e nos envolve.
Neste processo de tsunami se não dissermos a quem mais amamos que estamos distantes porque não estamos bem e precisamos de ajuda para nos reconstituirmos, muitas relações de amor perdem-se, o que é uma pena. Se o outro ou a outra não ouvir ou não fizer o esforço para ir ao encontro do doutro/da outra que ama é uma perda irreparável. Vale a pena, caros visitantes virtuais o esforço de se empenhar no amor e de o fazer vencer as dificuldades exteriores e interiores que a vida a todos traz. Não pense que só a si acontece.
Um dia, há muitos anos, o meu marido chegou a casa e disse que corriam rumores de que nos íamos divorciar. Ficámos os dois surpreendidos porque tínhamos uma excelente relação e não imaginávamos o que podia estar na origem de tal rumor. Até que eu me lembrei que, transparente como sou, numa conversa em grupo eu tinha dito que somos todos seres frágeis, homens e mulheres, e que o casamento se constrói todos os dias e que nunca sabemos a sua continuação ou o seu fim, por isso cada dia é um dia e eu sinto que é uma dádiva cada dia em que continuo casada. Interpretaram mal as minhas palavras. Daí o rumor. A verdade, é que é exatamente isso que sempre pensei e continuo a pensar. Nada do que é verdadeiramente importante é fácil, é uma construção permanente das partes envolvidas. Se a construção pára, fica incompleta e, abandonada pode ruir com ventos que de tempos a tempos sacodem as nossas vidas.
A vida está cheia de mulheres e homens bonitos, interessantes, cheios de beleza e qualidades, e ainda bem, porque permite a cada um encontrar alguém por quem se apaixonar e construir um Amor que o torne feliz. Mas mais belo ainda é descobrir que encontra essa pessoa por quem se apaixonar novamente naquele ou naquela que escolheu para seu companheiro ou companheira de vida há um ano, três, sete, quinze, vinte, trinta, quarenta, cinquenta anos ou até mais. Apaixonar-se ou reapaixonar-se é sempre belo, revigorante e reapaixonar-se pelo homem ou pela mulher que ama é mágico.
Quando casámos, eu e o meu marido fizemos questão de personalizar todos os convites, mas em todos colocámos uma frase comum que só nós sabíamos, dedicámos um ao outro: "Grava-me como um selo em teu coração, pois o Amor é forte como a morte" (Cant. 8,6). Trata-se de um extrato da Bíblia, mais propriamente do livro que conheci através do meu marido, eu que sendo católica praticante desde sempre não conhecia e que é o mais bonito livro de amor que alguma vez li: o "Cântico dos Cânticos", é um livro cheio de Amor, paixão sensualidade e erotismo entre um homem e uma mulher.
Há 23 anos o meu marido pediu-me em casamento e eu aceitei pelo que ele era então. Se hoje me pedisse em casamento eu aceitaria ainda com mais veemência, mas por diferentes razões, a única comum era o Amor que ele me declarou e o Amor que eu sentia por ele. As razões porque agora aceitaria, para além dessa, era por me ter dado os dons mais preciosos da minha vida, os nossos filhos Francisco e João, por ele ter estado ao meu lado e juntos termos vencido as dificuldades da vida e as dores da vida, como a perda irreparável de entes queridos, por ele ter estado ao meu lado e juntos termos compartilhado momentos felizes de um e do outro, por juntos termos vivido momentos de intimidade e de Amor inesquecíveis , sobretudo por ele ser o homem atraente e maravilhoso que é, cheio de qualidades que eu conheci cada vez melhor nesta já longa caminhada a dois que, não me preenchendo totalmente, como ninguém preenche ninguém totalmente, me preenche em tudo o que é importante para mim ser preenchida com o seu Amor, mas sobretudo por me amar tal como sou, com as minhas qualidades e aceitando as minhas falhas e fragilidades. Crescemos juntos, melhoramo-nos mutuamente juntos, temos confiança um no outro, respeitamos o espaço e liberdade de cada um e sobretudo sentimos um Amor que supera as dificuldades de cada dia e se fortalece com elas. Por tudo isto, meu amor, meu marido, meu amante e meu amigo, querido Jorge Paulo, aceito casar-me contigo em cada dia, faça sol ou chuva nas nossas vidas e fico grata pelo privilégio que me concedes em cada dia de ser a mulher que escolheste e que em cada dia escolhes para partilhar o ser especial e maravilhoso que és. Obrigada, meu amor, por seres o homem da minha vida.
Caro visitante virtual, cara visitante virtual apaixone-se, reapaixone-se, procure o Amor e lute por ele sem desistir, porque o Amor autêntico é a única fonte de felicidade autêntica e de esperança. Não espere que seja fácil, mas garanto-lhe que uma vida a dois é mais fácil se o seu parceiro/parceira for quem ama, para isso abra os olhos às qualidades e desvalorize os defeitos porque todos os temos e se forem defeitos menores nada valem quando comparados com as qualidades e a força do Amor. Não desista diante das dificuldades, não procure incansavelmente melhores parceiros sempre pensando que haverá sempre alguém melhor porque esse percurso não tem fim porque felizmente o mundo está cheio de gente especial, pois cada um de nós é único e especial, descubra quem é verdadeiramente especial para si e o faz feliz e descubra que encontrou o Amor e construa esse Amor em cada dia. Assim, o sol sorrirá na sua vida, mesmo que mais ténue quando há nuvens.
Dedico este post ao meu marido Jorge Paulo.
Boa sorte na sua busca e construção do Amor cara e caro visitante virtual, e não se esqueça, o Amor não tem idade, é sempre tempo para se apaixonar ou reapaixonar.
C.C.


8 comentários:

  1. Sempre a mesma Célia que conheci! Inteira! Grande abraço, com desejo de muitas felicidades neste reencontro.

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    1. Obrigada, Filomena.
      Saudades e beijinhos.

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  2. Lindo texto. É preciso coragem para se amar assim, Mas talvez se consiga, afinal... Que saudades tenho de conversar contigo. E que tal fazer um intercâmbio de crises da meia idade? :-) Beijinhos, Amiga. (Zézinha)

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    1. Obrigada Zezinha. Também tenho muitas saudades de conversar contigo.
      Vamos a esse intercâmbio. Quando quiseres telefona e combinamos. Beijinhos, amiga

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Célia, adorei este escrito :) Como sabes não sou casada nem tão pouco tenho uma relação de muitos anos, contudo revejo-me em ti de cada vez que me contaste histórias tuas, nos dias de hoje revejo-me em ti em situações tão semelhantes mas em diferentes circunstâncias, e espero daqui a muitos anos rever-me neste teu testemunho, ou isso ou poder testemunhar inúmeros tsunamis!!!
    As tuas partilhas são um tesouro para quem está receptivo a entender, a conhecer...apesar do entendimento e do conhecimento não impedirem os tsunamis, mas é uma grande ajuda.
    Se me permites deixo aqui um artigo da Diana Corso, uma psicanalista da qual gosto muito, e deste texto retirei um pouco da tua mensagem. Beijinhos

    "Amor é incompreensão"
    Quando se ama, o pior inimigo não é, como dizem por aí, o costume. Ele pode ser traduzido em intimidade, à guisa de elogio. A rotina pode ser deliciosa, porto seguro da alma, lugar onde ancorar a salvo do medo. A mesmice do outro não é chatice, é repouso.
    A duração de um amor não esbarra nisso, é a idealização das escolhas que a abala. Somos tolos como insetos em volta da lâmpada. Ficamos trocando de parceiro, renovando a expectativa de algo maior, relançando as apostas num encontro absoluto. Balela. Amar é combater o desencontro a cada dia. Escute Clarice Lispector: "pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente".
    O convívio não destrói o mistério, pelo contrário. Viver uma vida toda ao lado de alguém é resignar-se a não decifrá-lo. Não nos saciaremos um no outro. Ele nunca chegará a nos pertencer definitivamente. Um rio separa os amantes, travessias são possíveis, mas as margens não fundirão.
    Gulosos, consideramos que a felicidade seria fazer-se um: queremos mais do que encaixe, o objetivo é zerar a distância, virar uma só laranja. Nesse caso, melhor casar com o espelho ou seguir em busca desse par perfeito, pulando de promessa em promessa, procurando no amor o tesouro escondido da felicidade.
    O problema é que Amor e Felicidade sofrem da mesma sina. São inflacionados, acima de tudo incompreendidos e costumam não ser reconhecidos quando estão presentes em nossas vidas. Por natureza, eles são discretos, deixam-se estar, dispostos a um bom papo, uma tacinha de vinho. Mas em geral são ignorados. Depois de um tempo, partem incógnitos. Os que não souberam reconhecê-los sequer têm motivo para lamentar por isso, a ignorância os protege.
    Já a Paixão e a Euforia nunca passam despercebidas, causam furor quando chegam. São barulhentas, jogam confetes em si mesmas e somem sem que se saiba quando foi que a Ressaca tomou seu
    lugar.
    Os amantes ingénuos são mais afeitos ao estilo destas últimas. Como num parque de diversões eterno, ficam em longas filas, na chatice da espera, para viver instantes de vertigem. Prefiro gastar meu prazo tomando um vinho com a Intimidade. Essa, é mais próxima da Felicidade. Acho que nunca terminarei de comemorar a permanência do amor como um presente que recebo a cada dia. Um pacote de presente que nunca abro. O mistério de seu conteúdo faz parte da felicidade de tê-lo em mãos.
    Diana Corso - 01/09/2013

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  6. Querida Liliana,
    Muito obrigada pelas tuas tão bonitas palavras e pelo belíssimo texto que partilhaste aqui. Adorei lê-lo e revejo-me muito nele.
    Beijinhos e muitas felicidades amorosas para ti.

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