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22/10/2011

Ventos de esperança no mundo árabe


Caros visitantes virtuais,

Esta semana tomámos conhecimento de três notícias que considero serem ventos de esperança a soprar a favor do mundo árabe.

Obama anunciou a retirada de tropas do Iraque pondo assim fim a uma guerra de nove anos entre os Estados Unidos da América e aquele país. A invasão do Iraque pelas tropas americanas teve início em 2003, por ordem do então Presidente Americano George Bush, e actualmente permanecem ainda 39.000 soldados americanos em território iraquiano que irão regressar ao seu país e deixar o Iraque construir soberanamente o seu destino nacional e internacional.
Este anúncio de paz está bem simbolizado na imagem acima, do soldado americano conduzindo pela mão uma criança iraquiana cujos passos acompanha zelosamente como se nenhum deles tivesse nacionalidade diferente ou fossem ambos da mesma nação, a comunidade universal.




Também esta semana o povo Líbio declara-se feliz e regozija-se com o fim de 42 anos de ditadura iniciada em 1969 com um golpe militar, tinha então Muamar Kadafi 27 anos.
A morte do ditador, humilhante e degradante da condição humana a que qualquer ser humano tem direito, está a ser investigada pelas Nações Unidas.
E o homem que parecia todo-poderoso e invencível está agora numa câmara-frigorífica como qualquer pedaço de carne. Isto deve ajudar-nos a reflectir sobre o fenómeno do poder, do seu abuso e da sua volatilidade.
Deve ajudar-nos a reflectir sobre venerarmos o que não deve ser venerado. Sobre o culto que tomba num vazio porque é o culto do homem endeusado, o que em si é já um contrasenso.




Deve ajudar os ditadores ainda vivos e no poder a pensar o que é morrer deixando atrás de si um tão grande rasto de dor e opressão que leva a que filas intermináveis de cidadãos aguardem para ter com os seus olhos a certeza de ter morrido quem tanta gente oprimiu. Que o digam os familiares dos mártires do Massacre de Abu Salim, ocorrido em 1996, e gravado no coração de tantos líbios e da humanidade que testemunhou horrorizada a brutal violação de direitos humanos aí ocorrida.
À Líbia abre-se agora a possibilidade de eleições e a escolha de uma nova Constituição e um poder político eleito pelos cidadãos que exerça o poder assegurando a liberdade e procurando construir segurança e desenvolvimento harmonioso e justo, no pleno respeito pela liberdade e direitos humanos.




Amanhã, domingo, a Tunísia terá eleições pela primeira vez após 23 anos de governo absoluto exercido por Zine El Abidine Ben Ali, expulso pelo povo tunisino que conseguiu após mais de duas décadas libertar-se de um regime em que sentia oprimidas as suas liberdades e os seus direitos.
Na foto acima o povo Tunisino agita bandeiras e vive a campanha eleitoral que conduzirá à escolha dos destinos daquele país, mesmo que não sejam os que os Estados Unidos da América e as potências ocidentais acham mais desejáveis para a paz mundial. Há o direito dos povos à sua opção e a comunidade internacional deve respeitar esse direito e estar atenda a qualquer eventual tentativa de violação da paz, da segurança, da liberdade e dos direitos humanos.

Estas três situações, congregadas esta semana em situações de libertação dos povos que ganham a força de tomar nas suas mãos os seus próprios destinos, trazem ventos de esperança que alimentam a chamada Primavera Árabe, em que os países do Norte de África e do Médio Oriente se vêm libertando de décadas de violência e de opressão dos direitos humanos. Foi a comunidade internacional, sobretudo a sociedade civil e as redes sociais que deram um estímulo importante para esta libertação.

Continuemos, pois, a indignar-nos com as ditaduras, continuemos a indignar-nos com as violações da liberdade e dos direitos humanos. As nossas palavras, a nossa voz, os gestos culturais que exprimem a luta por esses valores fundamentais... todo o empenho é fundamental e lança sementes de esperança para os que ainda não alcançaram esse patamar de dignidade humana, pois com a nossa ajuda também eles podem aspirar a libertar-se. Como vimos, ninguém, por mais poder que tenha, é invencível. E, o poder da palavra e da Paz já muitas vezes na história da humanidade mostrou vencer as armas.

Um abraço caros visitantes virtuais, e votos de uma boa semana,

C.C.

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