Caro(a) visitante virtual,
Vi recentemente o filme "Snu".
Não poderia deixar de o ver. Esta história de amor marcou a minha adolescência e juventude vividas na transição da ditadura, de que ainda na infância, pouco me apercebi, mas cujo drama de um país e de um povo me fui apercebendo, já na democracia, com idade para ter já consciência crítica formada e o privilégio da convivência com as gerações anteriores que haviam sofrido na pele a ditadura a todos os níveis.
Sou uma filha da liberdade, pois embora com raízes da infância na ditadura, delas apenas me restam a memória de um ensino primário em que Pátria, Nação e Religião se misturavam num país ainda tão analfabeto e atrasado em termos culturais, económicos e sociais, atrofiado que fora no mofo enclasurador da ditadura, e do estupidifiante "Orgulhosamente sós".
Emboa muito jovem, lembro-me bem da diferença que sentia entre os discursos fechados e limitadores dos lideres da ditadura e dos discursos abertos e estimulantes dos lideres dos vários partidos políticos que foram saindo da clandestinidade. lembro-me da abertura das portas das prisões e da saída dos presos políticos, lembro-me do país em festa num 25 de abril em que se misturavam carros militares, fardas, povo, cravos vermelhos, abraços, slogans gritados em euforia coletiva e discursos inflamados pela esperança que nascia num país apodrecido que aforrava nas masmorras da PIDE e de prisões em Portugal e no desterro de provínias ultramarinas que clamava serem suas ultrajando o direito à liberdade e à autodeterminação dos povos, violando direitos humanos fundamentais dentro das suas próprias fronteiras e em espaços além-mar que nunca lhe pertenceram por direito.
Lembro-me das poesias e das canções de rutura de sistema e de rasgos de liberdade dentro do próprio ser humano que também as suas almas eram oprimidas, os seus pensamentos atrofiados, os seus gestos condenados e as suas palavras ditas ou escritas amordaçadas. Tudo a bem do regime que uma minoria no poder queria conservar à força, escorraçando mentes pensantes e esvaindo o país do seu intelecto, valores culturais e homens e mulheres corajosos que nem à força da intimidação se deixavam vencer.
O filme em nada me desiludiu, bem pelo contrário, trouxe à superfície com a cor e o cheiro do momento uma realidade que fez parte da minha vida mesmo tanto em momentos em que ainda não tinha consciência do que vivia como em momentos em que pude também já vibrar com um país a florescer para a liberdade, a democracia e o respeito dos direitos humanos.
Está de parabéns Patrícia Sequeira que co-escreveu e realizou de forma belíssima o filme Snu, com inesquecíveis passagens dos sonhos de Snu apresentados de forma absolutamente magnífica em termos de jogo de cor e som, os protagonistas Inês Castel-Branco, no papel de Snu e Pedro Almendra, no papel de Francisco Sá Carneiro, o casting para estes e outros atores que tão bem protagonizaram os seus personagens e a reprodução dos locais num ambiente próprio da época, como "O Botequim" da Natália Correia com os famosos saraus onde tantos intelectuais e artistas puderam respirar um ar apesar de tudo mais liberto e aberto num país contido em amarras para não respirar, exprimir e deixar crescer qualquer semente de diferença ou contestação que ameaçasse o poder da ditadura.
Lembro-me bem de muito ver e ouvir na RTP e imprensa escrita sobre a controversa história de amor entre Francisco Sá Carneiro, então Primeiro Ministro de Portugal, casado e com filhos, e Snu Abecassis, da D. Quixote, estrangeira, também ela casada e com filhos. A palavra "amantes" era uma palavra que se colava à história pessoal destas duas figuras públicas, cada um deles com respeitáveis laços familiares que a sociedade reconhecia e valorizava. A todo o momento se esperando que a normalidade esperada se repusesse, que o devaneio terminasse e que, passado o fogo da paixão, as elites políticas pudessem sossegar os seus medos de perda de força de liderança de um homem carismático de quem o país tanto precisava, pouco ou nada se falando sobre o importantíssimo papel da Snu à frente das publicações D. Quixote e o quanto ela havia sido corajosa e aberto espaço, apesar das visitas constantes e ameaças pessoais da PIDE, para publicar vozes arejadas e corajosas como a do homem por quem acabou por se vir a apaixonar e também ele por ela, com igual determinação.
Nunca me esqueci do quanto me impressionou já na altura a coragem de ambos por, apesar de tudo e apesar de todos, com toda a transparência, assumirem o seu amor publicamente, com toda a dignidade. a forma corajosa como ambos, cada um com as respetivas famílias, assumiu abertamente o amor vivido e lamentou o sofrimento que isso causava inevitavelmente às mesmas. Poderíam não o ter feito. Poderiam ter vivido o seu amor na clandestinidade e com todo o apoio social e popularidade sem serem questionadas, mantendo a aparência dos seus casamentos sólidos, como moldura perfeita para o aplauso religioso, social e político. Não o quiseram fazer.
E, não o quiseram fazer porque o amor que sentiam um pelo outro era genuíno e demasiado belo para ser vivido escondido, como se de um mal se tratasse que importa encobrir. Um amor a cores não se deixa viver na penumbra porque não é essa a sua natureza, precisa de sair para fora, andar ao ar livre, interagir sem esperar horas tardias ou espaços vedados. Um amor que aceita não se mostrar aos outros é um amor frágil, passageiro, que sabe que pode viver contido e limitado porque não será por muito tempo. Será o que for, certamente não será amor. E o amor de Snu e Francisco era amor, e por isso digo que era um amor inspirador e continua a ser um amor inspirador.
Também inspirador porque um e o outro o puseram à frente de qualquer outro objetivo: sucesso político, reconhecimento social, popularidade e até paz pessoal. É este o amor que vale a pena ser vivido, um amor em que o outro (a outra) importa de tal maneira pelo que é que o resto se torna secundário.
Lembro-me de quando vi o filme, de ter pensado que só uma mulher tão bonita poderia inspirar a um homem tão grande paixão e amor.
Foi uma reação de pele, de imediato, de alguém que nunca sentiu o privilégio de um amor assim, apesar de já tudo ter dado para que isso acontecesse em mais de meio século de vida.
É provavelmente uma reação que muitas mulheres e muitos homens que como eu não tiveram ainda esse privilégio de pensar que só a pessoas absolutamente extraordinárias é possível vir a experienciar um amor assim.
Assumo que no momento fugaz em que fiz esse juízo, distorcido pela minha história pessoal, fui injusta na minha avaliação, ainda que por segundos, mas partilho-a porque muitas vezes pelas mesmas razões se fazem juízos deste tipo que perduram injustamente e ferem também quem os faz. Snu Abecassis era de facto uma mulher lindíssima, mas era muito mais do que isso, era a mulher que era e foi pela mulher que ela era que mereceu todo o amor que teve. O mesmo tendo sucedido com Francisco Sá Carneiro. E tiveram ambos a felicidade de coincidirem no sentimento genuído de amor um pelo outro. E é aqui que está a chave da beleza desse amor.
Sempre gostei de ver relações amorosas felizes, sempre as achei inspiradoras e continuo a achar.
Não falo de relações postiças, de relações de parasitismo ou de manipulação, de acomodação de mortos-vivos, chame-se-lhes casamento, união de facto ou não se lhes chame nada. Não falo dessas relações porque não importa desperdiçar o meu tempo e a minha atenção com elas, cada um dos que neles vive saberá se nelas quer permanecer, não é da minha conta.
Falo de relações genuínas, não importa há quanto tempo durem, mas que existem, em que cada um se sente feliz com o outro como é, e apesar do que é; em que cada um sente que a sua vida é mais feliz por ter o outro ao seu lado em cada dia; em que cada um sente que no fim do dia, num bom ou num mau momento quer que seja aquela pessoa e não outra o seu ombro de apoio, a sua voz ao ouvido, a sua carícia no rosto, a palmadinha nas costas, o afagar dos cabelos, o olhar que serana o espírito... o porto de chegada.
Muitos e muitas de vós queridos amigos e amigas, e visitantes virtuais que me lêm, já encontraram o vosso porto de chegada, e isso sente-se, e é inspirador. Estou a escrever estas linhas e a lembrar-me de casais amigos que conheço que estão casados alguns há mais de 30 anos, outros menos, casados, em uniões de facto ou simplesmente juntos, não importa, o que importa é o quanto o vosso amor é inspirador, não apenas para vós, mas também para quem não teve ainda a felicidade de encontrar esse porto de chegada mas que continua a acreditar que ele existe, também para si. Poderá é nunca o vir a encontrar porque o ruído de tantas outras coisas nos passa mensagens erradas que não é fácil descodificar o caminho, as emoções erradas que se fazem passar por certas, os afetos destrutivos que fazem ruir a esperança que cada dia temos que reconstruir para continuar a acreditar que talvez para quem ainda não chegou a esse porto, um dia lá consiga chegar e valerá certamente a pena.
A quem já encontrou esse amor, desejo que olhe bem para ele e o valorize se nunca o fez. Que o valorize todos os dias, pois cada dia ao lado de quem o amo como é e que também ama como é, apesar dos pequenos nadas que todos temos, é um dia precioso, duplamente valioso, porque é partilhado com quem merece e com quem o faz feliz.
A quem ainda já encontrou esse amor e o perdeu. Se o perdeu verdadeiramente foi apenas para a morte, pois uma amor deste tipo não se deixa vencer pelos obstáculos da vida do dia a dia, cresce com eles e apesar deles; não se escoa na banalidade do tempo a passar, porque cada dia acrescenta história comum, reforça laços e descobre a necessidade de se manifestar porque o amor é em si mesmo expressão de afeto e de emoções pelo outro. Se não foi isto que perdeu, se o que perdeu não foi para a morte, não perdeu amor, perdeu qualquer outro sentimento, emoção ou confusão, mas não amor. O amor não acaba. Pode é nunca ter sido amor. Correspondido, naturalmente, pois não o sendo, também não é amor, é seja o que for, talvez nem importe saber o que foi, pois certamente já deu nesse caminho tudo o que era de si e não bastou, talvez tenha mesmo dado mais de si do que devia ter dado e deixou passar o tempo que era seu e não viveu, vegetou.
Seja qual tiver sido a circunstância, não importa agora se não encontrou ainda o amor inspirador que vale a pena viver, aquele que é leve todos os dias, porque o vive como se respirasse, naturalmente. Porque quem caminha consigo vai ao seu lado, não atrás, nem à frente, mas a seu lado.
Porque quem caminha consigo o olha nos olhos e lhe sorri grato por o ter a seu lado, seja quem for, o que faz, seja qual for a sua beleza ou a falta dela, a alegria ou a falta dela, a saúde ou a falta dela, será sempre bom sentir o calor da sua mão ou a frescura da sua mão.
É esta, no meu entender, a única forma de amor romântico que vale a pena. E é aquela em que sempre acreditei. ter lá chegado ou não, não importa.
O que importa é a genuinidade com que vivi o que acreditei que fosse.
O que me importa é em cada dia ser eu própria e sentir-me bem com quem sou, apesar dos meus pequenas nadas que não são comparáveis aos de nenhuma outra pessoa porque não têm que ser. Isso é um exercício inútil e eu não gosto de coisas inúteis porque há tanto de útil e agradável para fazer que nem um segundo vale a pena desperdiçar com o que não merece a nossa atenção.
O que importa é que escrevo este post independentemente de vir a ser lido por 1 pessoa, 1000 ou 10000.
O que importa é que ao escrevê-lo, já foi bom para mim e será tanto melhor quanto mais ele for útil nem que seja a apenas 1 visitante virtual que o leia porque estamos juntos nesta caminhada de auto-conhecimento e auto-descoberta e todos procuramos o mesmo, embora lhe demos nomes e formas diferentes: sentir-nos bem connosco e com os outros, chame-se-lhe equilíbrio, felicidade, amor ou realização, ou simplesmente: VIDA.
Um abraço, caro visitante virtual, e boa caminhada, que vá encontrando pistas para o que procura e, quando encontrar, continue a caminhar ao lado de quem o merecer.
C.C.
Lembro-me bem de muito ver e ouvir na RTP e imprensa escrita sobre a controversa história de amor entre Francisco Sá Carneiro, então Primeiro Ministro de Portugal, casado e com filhos, e Snu Abecassis, da D. Quixote, estrangeira, também ela casada e com filhos. A palavra "amantes" era uma palavra que se colava à história pessoal destas duas figuras públicas, cada um deles com respeitáveis laços familiares que a sociedade reconhecia e valorizava. A todo o momento se esperando que a normalidade esperada se repusesse, que o devaneio terminasse e que, passado o fogo da paixão, as elites políticas pudessem sossegar os seus medos de perda de força de liderança de um homem carismático de quem o país tanto precisava, pouco ou nada se falando sobre o importantíssimo papel da Snu à frente das publicações D. Quixote e o quanto ela havia sido corajosa e aberto espaço, apesar das visitas constantes e ameaças pessoais da PIDE, para publicar vozes arejadas e corajosas como a do homem por quem acabou por se vir a apaixonar e também ele por ela, com igual determinação.
Nunca me esqueci do quanto me impressionou já na altura a coragem de ambos por, apesar de tudo e apesar de todos, com toda a transparência, assumirem o seu amor publicamente, com toda a dignidade. a forma corajosa como ambos, cada um com as respetivas famílias, assumiu abertamente o amor vivido e lamentou o sofrimento que isso causava inevitavelmente às mesmas. Poderíam não o ter feito. Poderiam ter vivido o seu amor na clandestinidade e com todo o apoio social e popularidade sem serem questionadas, mantendo a aparência dos seus casamentos sólidos, como moldura perfeita para o aplauso religioso, social e político. Não o quiseram fazer.
E, não o quiseram fazer porque o amor que sentiam um pelo outro era genuíno e demasiado belo para ser vivido escondido, como se de um mal se tratasse que importa encobrir. Um amor a cores não se deixa viver na penumbra porque não é essa a sua natureza, precisa de sair para fora, andar ao ar livre, interagir sem esperar horas tardias ou espaços vedados. Um amor que aceita não se mostrar aos outros é um amor frágil, passageiro, que sabe que pode viver contido e limitado porque não será por muito tempo. Será o que for, certamente não será amor. E o amor de Snu e Francisco era amor, e por isso digo que era um amor inspirador e continua a ser um amor inspirador.
Também inspirador porque um e o outro o puseram à frente de qualquer outro objetivo: sucesso político, reconhecimento social, popularidade e até paz pessoal. É este o amor que vale a pena ser vivido, um amor em que o outro (a outra) importa de tal maneira pelo que é que o resto se torna secundário.
Lembro-me de quando vi o filme, de ter pensado que só uma mulher tão bonita poderia inspirar a um homem tão grande paixão e amor.
Foi uma reação de pele, de imediato, de alguém que nunca sentiu o privilégio de um amor assim, apesar de já tudo ter dado para que isso acontecesse em mais de meio século de vida.
É provavelmente uma reação que muitas mulheres e muitos homens que como eu não tiveram ainda esse privilégio de pensar que só a pessoas absolutamente extraordinárias é possível vir a experienciar um amor assim.
Assumo que no momento fugaz em que fiz esse juízo, distorcido pela minha história pessoal, fui injusta na minha avaliação, ainda que por segundos, mas partilho-a porque muitas vezes pelas mesmas razões se fazem juízos deste tipo que perduram injustamente e ferem também quem os faz. Snu Abecassis era de facto uma mulher lindíssima, mas era muito mais do que isso, era a mulher que era e foi pela mulher que ela era que mereceu todo o amor que teve. O mesmo tendo sucedido com Francisco Sá Carneiro. E tiveram ambos a felicidade de coincidirem no sentimento genuído de amor um pelo outro. E é aqui que está a chave da beleza desse amor.
Sempre gostei de ver relações amorosas felizes, sempre as achei inspiradoras e continuo a achar.
Não falo de relações postiças, de relações de parasitismo ou de manipulação, de acomodação de mortos-vivos, chame-se-lhes casamento, união de facto ou não se lhes chame nada. Não falo dessas relações porque não importa desperdiçar o meu tempo e a minha atenção com elas, cada um dos que neles vive saberá se nelas quer permanecer, não é da minha conta.
Falo de relações genuínas, não importa há quanto tempo durem, mas que existem, em que cada um se sente feliz com o outro como é, e apesar do que é; em que cada um sente que a sua vida é mais feliz por ter o outro ao seu lado em cada dia; em que cada um sente que no fim do dia, num bom ou num mau momento quer que seja aquela pessoa e não outra o seu ombro de apoio, a sua voz ao ouvido, a sua carícia no rosto, a palmadinha nas costas, o afagar dos cabelos, o olhar que serana o espírito... o porto de chegada.
Muitos e muitas de vós queridos amigos e amigas, e visitantes virtuais que me lêm, já encontraram o vosso porto de chegada, e isso sente-se, e é inspirador. Estou a escrever estas linhas e a lembrar-me de casais amigos que conheço que estão casados alguns há mais de 30 anos, outros menos, casados, em uniões de facto ou simplesmente juntos, não importa, o que importa é o quanto o vosso amor é inspirador, não apenas para vós, mas também para quem não teve ainda a felicidade de encontrar esse porto de chegada mas que continua a acreditar que ele existe, também para si. Poderá é nunca o vir a encontrar porque o ruído de tantas outras coisas nos passa mensagens erradas que não é fácil descodificar o caminho, as emoções erradas que se fazem passar por certas, os afetos destrutivos que fazem ruir a esperança que cada dia temos que reconstruir para continuar a acreditar que talvez para quem ainda não chegou a esse porto, um dia lá consiga chegar e valerá certamente a pena.
A quem já encontrou esse amor, desejo que olhe bem para ele e o valorize se nunca o fez. Que o valorize todos os dias, pois cada dia ao lado de quem o amo como é e que também ama como é, apesar dos pequenos nadas que todos temos, é um dia precioso, duplamente valioso, porque é partilhado com quem merece e com quem o faz feliz.
A quem ainda já encontrou esse amor e o perdeu. Se o perdeu verdadeiramente foi apenas para a morte, pois uma amor deste tipo não se deixa vencer pelos obstáculos da vida do dia a dia, cresce com eles e apesar deles; não se escoa na banalidade do tempo a passar, porque cada dia acrescenta história comum, reforça laços e descobre a necessidade de se manifestar porque o amor é em si mesmo expressão de afeto e de emoções pelo outro. Se não foi isto que perdeu, se o que perdeu não foi para a morte, não perdeu amor, perdeu qualquer outro sentimento, emoção ou confusão, mas não amor. O amor não acaba. Pode é nunca ter sido amor. Correspondido, naturalmente, pois não o sendo, também não é amor, é seja o que for, talvez nem importe saber o que foi, pois certamente já deu nesse caminho tudo o que era de si e não bastou, talvez tenha mesmo dado mais de si do que devia ter dado e deixou passar o tempo que era seu e não viveu, vegetou.
Seja qual tiver sido a circunstância, não importa agora se não encontrou ainda o amor inspirador que vale a pena viver, aquele que é leve todos os dias, porque o vive como se respirasse, naturalmente. Porque quem caminha consigo vai ao seu lado, não atrás, nem à frente, mas a seu lado.
Porque quem caminha consigo o olha nos olhos e lhe sorri grato por o ter a seu lado, seja quem for, o que faz, seja qual for a sua beleza ou a falta dela, a alegria ou a falta dela, a saúde ou a falta dela, será sempre bom sentir o calor da sua mão ou a frescura da sua mão.
É esta, no meu entender, a única forma de amor romântico que vale a pena. E é aquela em que sempre acreditei. ter lá chegado ou não, não importa.
O que importa é a genuinidade com que vivi o que acreditei que fosse.
O que me importa é em cada dia ser eu própria e sentir-me bem com quem sou, apesar dos meus pequenas nadas que não são comparáveis aos de nenhuma outra pessoa porque não têm que ser. Isso é um exercício inútil e eu não gosto de coisas inúteis porque há tanto de útil e agradável para fazer que nem um segundo vale a pena desperdiçar com o que não merece a nossa atenção.
O que importa é que escrevo este post independentemente de vir a ser lido por 1 pessoa, 1000 ou 10000.
O que importa é que ao escrevê-lo, já foi bom para mim e será tanto melhor quanto mais ele for útil nem que seja a apenas 1 visitante virtual que o leia porque estamos juntos nesta caminhada de auto-conhecimento e auto-descoberta e todos procuramos o mesmo, embora lhe demos nomes e formas diferentes: sentir-nos bem connosco e com os outros, chame-se-lhe equilíbrio, felicidade, amor ou realização, ou simplesmente: VIDA.
Um abraço, caro visitante virtual, e boa caminhada, que vá encontrando pistas para o que procura e, quando encontrar, continue a caminhar ao lado de quem o merecer.
C.C.