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13/09/2016

A esperança que resulta de um caminho escolhido

 
 
Caros visitantes virtuais,
 
Falo-vos hoje de uma grande alegria. Chama-se Joana. para ser mais exata: Irmã Joana Carneiro.
Conheci Joana quando era catequista dela há uns bons anos. Tinha seis anos e frequentava o 1º volume da catequese na Paróquia de Póvoa de Santo Adrião. Era criança tímida e alegre. E aquela criança tímida e alegre foi vinte anos mais tarde uma médica no Hospital de Santa Maria, carreira profissional que trocou por uma vocação, um chamamento espiritual a que respondeu com toda a coragem: Ser Irmã Missionária. A criança tímida desabrochou numa jovem destemida e corajosa, uma jovem mulher que foi missionária na América Latina e agora se encontra de partida para a Jordânia.
A Irmã Joana, a minha Joana, a nossa Joana é deste há alguns anos Irmã Comboniana. Joana consagrou-se a este chamamento no dia 6 de agosto de 2016, em Quito, no Equador, onde foi noviça. Aí se consagrou a Deus para ser Missionária como muitas outras Irmãs que aderiram a esse chamamento e lhe quiseram responder segundo o Carisma do seu fundador, São Daniel Comboni. São chamadas a ser testemunhas da Misericórdia de Deus.
Joana respondeu a este chamamento de braço dado com a pessoa com quem a conheci entrar na igreja há muitos anos atrás... a sua mãe. Quando menina, em Portugal; quando jovem mulher no Equador.
 
 

Da menina tímida para a jovem mulher corajosa e determinada resta o sorriso. Um sorriso ainda mais luminoso porque segura do seu caminho. Foi com esse sorriso magnífico que esteve entre nós, na comunidade, na igreja e fora dela trazendo até nós outros lugares do mundo e levando-nos com ela para outros lugares do mundo.
Toda a gente queria falar com Joana, e ela na humildade e simplicidades de sempre, ali estava disponível para todos e contagiante na sua felicidade. Para todos era a nossa Joana, era a nossa Joana e um bocado de cada um de nós que com ela tinha ido para a América Latina, que ali estava com ela e as Irmãs Combonianas (Para que as quiser conhecer: https://irmascombonianas.wordpress.com/
) a rezar o terço missionário, cada cor evocando um continente e evocando onde se situava cada continente, que problemas enfrentava e fazendo-nos sentir parte desse mundo que as missionárias percorrem na sua dádiva de vida. Para todos é um bocadinho de cada um de nós que vai com a Joana para a sua nova missão na Jordânia e sabemos que quando regressar voltará com o mesmo sorriso para abraçar a comunidade que viu nascer a sua Fé e a viu amadurecer, ganhar asas e voar já por si mesma.
Para mim, é essa a universalidade da Igreja, é cada um de nós estar com aqueles que teve o privilégio de conhecer e com quem construiu percursos de vida e de fé e manter-se pela vida fora num novelo de laços afetivos e de espiritualidade ou humanidade comum que nos fazem estar um pouco por todo o lado no mundo, mesmo em sítios onde fisicamente nunca nos atrevemos a estar, mas alguém se atreveu por nós. E lá estamos todos, nessa alegre confraternização universal onde certamente cada um de nós fala dos outros, dos seus espaços comuns, das suas forças e fragilidades. E nesse diálogo de espaços e de afetos, ficamos mais ricos com o que aprendemos uns sobre os outros e ficamos mais fortes na sua humanidade e na nossa espiritualidade.
Obrigada, Joana, pela tua coragem missionária, porque também aqui tão perto levas a tua mensagem e reconhecemos a força e a esperança da tua fé. Diz-se que "santos ao pé da porta não fazem milagres". Fazem, claro que o fazem. Que maior milagre pode haver que a felicidade estampada num rosto que bem conhecemos falar-nos de gente tão diferente de nós e tão distante e fazer-nos sentir o mundo tão perto e tão nosso familiar que quase parecemos ter estado lá?
Era deste Amor universal que falava Jesus Cristo quando enviava os seus Apóstolos pelo mundo dizendo que onde eles estivessem, Ele estaria no meio deles. No entanto, esta viagem universal que transporta os outros consigo no meu entender é um dom, é um talento inato que requer a tal simplicidade e humildade a que Joana se consagrou.
Os governantes e políticos têm que por escrito ser mandatados para representar um país junto dos outros, mas na humanidade e na espiritualidade não se mandata, simplesmente se é o que se é e onde quer que se chegue perto ou longe se transporta consigo o abraço de afetos que o nosso ser pode congregar. Joana parte para a Jordânia carregada de afetos, muitas mensagens de força e de encorajamento, muitas palavras de conforto para os que vai encontrar, muitos sorrisos que leva no seu peito, muitas esperanças que com ela partem ao encontro daqueles que os seus olhos nunca conhecerão, mas que o seu coração abraça, através da nossa Joana.
A força das missões cedo fez parte da minha fé, uma fé muito marcada pelos Padres Monfortinos (Para quem quiser conhecê-los: http://www.monfortinos.com/sitenovo/ ) que há várias décadas estão responsáveis pelo crescimento espiritual, da fé e de tudo o que uma comunidade carece para viver dignamente em todas as suas dimensões. E atualmente, com mais de meio século de vida, sinto cada vez mais viva a minha gratidão por todos os que têm a coragem de abraçar uma missão consagrada.
E cada vez mais me convenço que quanto mais nos entregamos ao nosso caminho, mais nos sentimos nós próprios e mais nos encontramos com os outros.
 
Uma boa semana, caro visitante virtual.
 



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